Bactérias. Normalmente, quando ouvimos essa palavra, somos
instintivamente levados a pensar em coisas negativas: infecção, doença, dor.
Apesar de algumas bactérias de fato causarem tudo isso, é clara a contribuição
delas para que consigamos viver melhor. Um exemplo claro disso é a nossa flora
intestinal. As diversas populações de bactérias que vivem no nosso intestino
não nos fazem mal, pelo contrário: auxiliam o trânsito intestinal, nos ajudam a
quebrar moléculas que sozinhos não conseguiríamos, impedem o crescimento de
outras bactérias que poderiam nos deixar doentes.
Sabendo
que bactérias podem ser benéficas também, pesquisadores americanos pensaram: por que não modificarmos bactérias para tratarmos.... o câncer?!? Eles
utilizaram uma variante atenuada, ou seja, um grupo de bactérias sem capacidade
infecciosa, do gênero Salmonella, e a
modificaram com engenharia genética para que elas invadissem células de câncer
e, após se multiplicarem, rompessem essa célula, matando-a. Não apenas isso,
mas essas bactérias são capazes também de produzir substâncias tóxicas para as
células de câncer, ou ainda substâncias que aumentem a eficiência do sistema
imune contra as células de câncer.
Os
resultados se mostraram promissores: em modelo in vitro, células de câncer cervical se mostraram sensíveis a essas
bactérias, morrendo na presença de bactérias; em modelo in vivo, camundongos com câncer cólon-retal infundidos com a
bactéria, foi observado a presença da bactéria apenas no tecido tumoral,
sugerindo especificidade do tratamento. Mais ainda, em metástases deste câncer
no fígado, foi observado diminuição da atividade tumoral e aumento da
sobrevivência dos animais que recebiam uma terapia combinada de bactérias
modificadas mais um medicamento já utilizado para este tumor, mostrando que as
bactérias também auxiliam aumentando a atividade de terapias já existentes.
Apesar
de muito animadores, estes resultados ainda se mostram bem iniciais para os
próprios pesquisadores. Ainda é necessário verificar a segurança destas
bactérias para outros tecidos, bem como formas de aumentar a eficiência do
tratamento em longo prazo. Apesar disso, este criativo trabalho mostra como as
bactérias ainda tem muito a nos auxiliar!
Omar Din
M., et. al., Synchronized cycles of
bacterial lysis for in vivo delivery, Nature Letters, 2016
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