Você conhece alguém obeso? Provavelmente. Isso porque o
número de pessoas obesas em todo o mundo tem aumentado de maneira alarmante. O
grande problema da obesidade é que essa doença promove o surgimento de outras enfermidades
graves, como diabetes, pressão alta e doenças do coração. Dessa forma, diversos
cientistas têm buscado formas de tratar a obesidade. Um dos principais
mecanismos para possíveis tratamentos é o apetite. Sabe-se que o controle da nossa
fome é influenciado tanto pelo metabolismo energético do nosso corpo (quanto de
energia precisamos), como também por fatores emocionais (depressão, ansiedade,
entre outros). Nosso cérebro é capaz de regular nossa fome através da ativação
de neurônios na região do hipotálamo, por meio de mecanismos não completamente
entendidos ainda. Desta forma, estudar como esse processo funciona pode dar
dicas de como alterarmos nossa fome e saciedade em uma possível terapia.
Um grupo de cientistas chineses conseguiu demonstrar que um
velho conhecido do brasileiro tem essa propriedade: o café. Mais precisamente,
a cafeína, um dos compostos ativos presentes no café. Eles observaram que ao
inibir uma proteína presente nos neurônios do hipotálamo, chamado de receptor
de adenosina tipo 1 (A1R), camundongos que tinham uma dieta de alta gordura
(igual vários seres humanos por aí) tendiam a ganhar menos peso. Mais que isso,
tanto a administração de cafeína direto no cérebro dos camundongos, como a
administração por via oral, foram capazes de reduzir os depósitos de gordura no
tecido adiposo, triglicerídeos no sangue, aumentou a sensibilidade à glicose e
reduziram a ingestão de alimentos. Todos esses efeitos parecem ocorrer de
maneira dependente do neurotransmissor oxitocina, reconhecido por seu papel na
reprodução sexual e no momento do parto (já falamos sobre a oxitocina aqui).
De fato, estudos populacionais já demonstraram que o
consumo de café parece proteger contra o desenvolvimento de diabetes do tipo II
(DING et al, 2014). A descoberta do mecanismo envolvido nesse processo produz
duas importantes consequências: em curto prazo, a possível inserção da cafeína
como tratamento da obesidade; em longo prazo, novos medicamentos que regulem os
mecanismos desencadeados pela cafeína (receptor A1R e oxitocina no hipotálamo).
É importante ressaltar que a cafeína, como qualquer substância, tem seu limite
seguro. De fato, mortes associadas à consumo excessivo de cafeína já foram registradas. Por isso, mais estudos precisam ser realizados, principalmente
para observar a dosagem de cafeína necessária para reduzir os efeitos da
obesidade em seres humanos. Apesar disso, esse é mais um motivo para você
perguntar: ‘’Vamos tomar um cafezinho?’’
Referências:
DING, M. et al. Caffeinated and decaffeinated coffee consumption and risk of type 2 diabetes: a systematic review and a dose-response meta-analysis. Diabetes Care 37, 569–586 (2014).
Referências:
DING, M. et al. Caffeinated and decaffeinated coffee consumption and risk of type 2 diabetes: a systematic review and a dose-response meta-analysis. Diabetes Care 37, 569–586 (2014).
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