Ainda estamos no inverno, mas, todo o verão, ouvimos pessoas defendendo ou reclamando o horário de verão. O argumento dos que reclamam sempre pende para a desregulação do relógio biológico. Os que defendem acham que isso é frescura. Mas é fato que o tal relógio biológico existe em vários organismos, desde bactérias, passando por plantas e insetos, até mamíferos como nós. Nos humanos, esse sistema regula muito além do ciclo de sono e vigília (ou seja, quando você fica com sono ou ligadão); a atividade locomotora e até a secreção de hormônios são regulados pelo relógio biológico. Dessa forma, como era de se esperar, a perturbação desse ciclo não causa apenas problemas de sono ou cansaço, mas também problemas metabólicos e psiquiátricos (tenho certeza que você conhece alguém que beira a loucura depois de uma noite mal dormida!).
O funcionamento desse relógio (também chamado de ritmo circadiano) começou a ser descrito nas moscas drosófilas (sim, aquelas das aulas de biologia e que ficam sobrevoando as bananas que passaram do ponto na fruteira da sua cozinha). Diferentes proteínas das células são as “engrenagens” desse relógio; elas são produzidas e destruídas em um ritmo constante, que é ditado, parcialmente, pelo tamanho do dia (digo, pelo tempo que o Sol fica no céu ou não). Embora, muita coisa já tenha sido estudada e descoberta, nem todas as engrenagens são conhecidas (o que mostra o quanto ainda não sabemos sobre muitos dos mistérios da biologia das células)
Esse ano, cientistas japoneses publicaram seus resultados na revista “PLoS Biology”, onde descrevem a descoberta de uma nova e central engrenagem do relógio biológico. A proteína foi batizada de CHRONO, que é uma sigla para ChIP-derived Repressor of Network Oscillator, mas também uma brincadeira com o nome do deus grego do tempo (sim, os cientistas escrevem piadinhas nos seus trabalhos...). Os pesquisadores produziram em laboratório uma linhagem de camundongos que não possui essa proteína. Esses animais têm ciclos do ritmo circadiano um pouco mais longo, mas a diferença é muito pequena, de modo que isso dificilmente influencia o sono dos bichos (ou o seu).
- Então para que eu estou lendo isso?, você pergunta.
- Porque o mais legal vem agora!, eu respondo.
Esses mesmos camundongos que não têm a proteína CHRONO têm uma maior quantidade de corticosteroides no sangue. Essa substância é um hormônio relacionado com estresse. Além disso, os pesquisadores mostraram que a CHRONO e o receptor de glicocorticoides, que é uma proteína que “sente” os níveis desse hormônio do estresse, podem se ligar na célula. Isso indica que o relógio biológico e o estresse podem estar relacionados fisiologicamente e podem regular um ao outro.
Os pesquisadores ainda não tem certeza que como esses dois fatores se relacionam. Mas, como o ritmo do relógio biológico já foi relacionado com a obesidade, o estresse pode ser mais um item a entrar na lista de processos relacionados com o relógio biológico (e o horário de verão).
Referência
O funcionamento desse relógio (também chamado de ritmo circadiano) começou a ser descrito nas moscas drosófilas (sim, aquelas das aulas de biologia e que ficam sobrevoando as bananas que passaram do ponto na fruteira da sua cozinha). Diferentes proteínas das células são as “engrenagens” desse relógio; elas são produzidas e destruídas em um ritmo constante, que é ditado, parcialmente, pelo tamanho do dia (digo, pelo tempo que o Sol fica no céu ou não). Embora, muita coisa já tenha sido estudada e descoberta, nem todas as engrenagens são conhecidas (o que mostra o quanto ainda não sabemos sobre muitos dos mistérios da biologia das células)
Esse ano, cientistas japoneses publicaram seus resultados na revista “PLoS Biology”, onde descrevem a descoberta de uma nova e central engrenagem do relógio biológico. A proteína foi batizada de CHRONO, que é uma sigla para ChIP-derived Repressor of Network Oscillator, mas também uma brincadeira com o nome do deus grego do tempo (sim, os cientistas escrevem piadinhas nos seus trabalhos...). Os pesquisadores produziram em laboratório uma linhagem de camundongos que não possui essa proteína. Esses animais têm ciclos do ritmo circadiano um pouco mais longo, mas a diferença é muito pequena, de modo que isso dificilmente influencia o sono dos bichos (ou o seu).
- Então para que eu estou lendo isso?, você pergunta.
- Porque o mais legal vem agora!, eu respondo.
Esses mesmos camundongos que não têm a proteína CHRONO têm uma maior quantidade de corticosteroides no sangue. Essa substância é um hormônio relacionado com estresse. Além disso, os pesquisadores mostraram que a CHRONO e o receptor de glicocorticoides, que é uma proteína que “sente” os níveis desse hormônio do estresse, podem se ligar na célula. Isso indica que o relógio biológico e o estresse podem estar relacionados fisiologicamente e podem regular um ao outro.
Os pesquisadores ainda não tem certeza que como esses dois fatores se relacionam. Mas, como o ritmo do relógio biológico já foi relacionado com a obesidade, o estresse pode ser mais um item a entrar na lista de processos relacionados com o relógio biológico (e o horário de verão).
Referência
GORIKI, A.; HATANAKA, F.; MYUNG, J.; KIM, J. K.; YORITAKA, T.; TANOUE, S.; ABE, T.; KIYONARI, H.; FUJIMOTO, K.; KATO, Y.; TODO, T.; MATSUBARA, A.; FORGER, D.; TAKUMI, T. A novel protein, CHRONO, functions as a core component of the mammalian circadian clock. PLoS Biology, v. 12, n. 4, p. e1001839, 2014.
Comentários
Postar um comentário