Como parasitos conseguem se perpetuar? Pense na Malária,
doença que recebe pouca atenção porque afeta principalmente países tropicais da
América do Sul e da África. Essa doença é causada pelo parasito Plasmodium spp, um protozoário. Esse parasito necessita de dois
hospedeiros (seres vivos) para completar seu ciclo de vida: um invertebrado
(fêmeas do mosquito Anopheles) e um
vertebrado mamífero (nós, seres humanos, por exemplo!). A reprodução do Plasmodium, especificamente, ocorre no
inseto, e sua maturação no hospedeiro vertebrado. Mas como fazer com que a forma pronta
para reproduzir seja captada pelo mosquito durante a picada?
Cientistas suíços e norte-americanos descobriram que um
mecanismo é pelo cheiro! Sim, o parasito da malária te deixa mais ‘’cheiroso’’
para o mosquito. Camundongos infectados com Plasmodium
chabaudii, que causa malária em roedores (mas não na gente), são mais
atrativos para mosquitos do gênero Anopheles
após aproximadamente 10 dias depois da infecção quando comparados a camundongos
saudáveis. Mais interessante ainda, é que é em aproximadamente 10 dias depois
da infecção que se observou maior presença de gametócitos, fase de vida do
parasito que está comprometida com a reprodução, e deve ser ingerida pelo
mosquito para que o ciclo da doença se complete.
Essa preferência se da principalmente pela emissão de
compostos voláteis (ou seja, compostos que evaporam com muita facilidade), seja
aumentando substâncias que atraem ou diminuindo as que repelem o mosquito. Eles
confirmaram ainda que a aplicação de certos compostos específicos é capaz de
‘’imitar’’ a situação de infecção.
Os autores discutem que essa evidência demonstra um papel do
parasito em modular o comportamento alimentar do mosquito, selecionando
indivíduos infectados para facilitar a propagação do próprio parasito. Isso tem
implicações, principalmente na prevenção das doenças. Uma vez que esses
compostos forem identificados, será possível trabalhar na criação de novos repelentes que sejam eficazes em
diminuir o apetite do mosquito.
Será que isso poderia estar ocorrendo também no caso de
vírus, como Dengue e Zika? Isso, apenas a ciência dirá. E, tomara, quem sabe,
bem em breve.
Referência:
De Moraes
C.M. et. al., Malaria-induced changes in host odors enhance mosquito
attraction, PNAS, 111 (30), 11079-11084, 2014.
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