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[Blogue do PJ] Proteínas na alimentação: a dieta hiperproteica

Provavelmente, durante a vida você já escutou muito sobre as proteínas, principalmente se o assunto em questão for alimentação. No entanto, mesmo que muito se fale sobre proteínas, ainda há diversos pontos mal explicados, ou pouco comentados, sobre as mesmas. A partir disso, esse texto buscará explicar, de forma breve, a importância das proteínas na alimentação, além de seus efeitos no organismo humano.

Primeiramente, é preciso entender que as proteínas são moléculas compostas por cadeias de aminoácidos, ou cadeias polipeptídicas. Os aminoácidos são moléculas menores que as proteínas e que possuem duas funções orgânicas, a de amina e a de ácido carboxílico, por isso o nome de amino/ácido. As proteínas podem ser simples, se compostas apenas por aminoácidos, ou conjugadas, quando possuem outros tipos de moléculas ligados a suas cadeias polipeptídicas, como vitaminas, gorduras, açúcares e metais.

Existem 20 tipos diferentes de aminoácidos. Entretanto, apenas 11 são sintetizados pelo organismo humano, recebendo o nome de aminoácidos não-essenciais, enquanto os outros 9 vêm da dieta, e são chamados de essenciais.

As proteínas vindas da alimentação são degradadas por enzimas até aminoácidos. Sendo as enzimas, proteínas grandes e com a capacidade de acelerar reações químicas no organismo. Um bom exemplo, são as proteases digestivas, enzimas responsáveis por acelerar a quebra de proteínas na região do estômago e intestino delgado, convertendo-as em aminoácidos, que são absorvidos pelo organismo.

Os aminoácidos da dieta, junto com aqueles produzidos pelo organismo, geram as proteínas do corpo, sendo essas essenciais para a formação e manutenção de diversos órgãos e tecidos. O principal fator que justifica tal importância das proteínas no organismo, é a variedade de funções exercidas pelas mesmas.

Na alimentação, o consumo de proteínas pode ser de origem animal ou vegetal, sendo as proteínas de origem vegetal, consideradas mais “pobres” em comparação com as de origem animal, por apresentarem uma menor variedade de aminoácidos essenciais. Entretanto, uma dieta com pouco, ou nenhum alimento de origem animal, ainda sim, é viável, desde que a mesma seja variada e bem planejada, possibilitando a ingestão de todos os aminoácidos essenciais.

Dentre os alimentos vegetais, as principais fontes de proteínas são: soja, quinoa, trigo, lentinha, tofu, feijão, ervilha e amêndoas. Enquanto isso, dentre os alimentos de origem animal, os mais ricos em proteínas são as carnes, principalmente a de frango. Além das carnes, os ovos e laticínios também são boas fontes de proteína animal para os seres humanos.

A partir da alta concentração de proteínas em alguns alimentos, principalmente nas carnes, foi criada a dieta hiperproteica, que consiste na alta ingestão de aminoácidos, acompanhada, geralmente, de uma redução no consumo de carboidratos (açúcares). Os principais benefícios dessa dieta são a perda de gordura e o ganho de massa muscular, sendo a mesma muito utilizada por atletas e fisiculturistas.

O ganho de massa muscular ocorre através do processo de hipertrofia, sendo esse facilitado pela dieta hiperproteica. Hipertrofia é o aumento do tamanho de um órgão, devido a uma alta atividade do mesmo. Nas células musculares, ricas em fibras proteicas, o aumento na quantidade de aminoácidos disponíveis facilita a formação de fibras, aumentando o músculo. Entretanto, é importante ressaltar que, para ocorrer a hipertrofia muscular, é necessária atividade física.

Enquanto isso, a perda de gordura é devida, principalmente, à redução no consumo de
carboidratos, já que os açúcares, embora sirvam como fonte de energia, quando consumidos em
excesso, são transformados em gordura pelo organismo. Substituindo os carboidratos, como fonte
energética, temos os aminoácidos vindos da dieta hiperproteica, além das reservas de gordura já presentes no corpo.

Embora os benefícios da dieta hiperproteica sejam interessantes, é importante citar também seus efeitos adversos. Primeiramente, temos o aumento da produção de urina, sendo essa uma resposta biológica para eliminar o nitrogênio presente nos aminoácidos, que é tóxico, quando em excesso. Outra desvantagem é a formação de corpos cetônicos, moléculas geradas a partir dos aminoácidos e que podem tornar o sangue mais ácido, causando uma cetoacidose.

Em conclusão, a dieta hiperproteica é eficaz para emagrecimento e ganho muscular, sendo uma boa opção para atletas e fisiculturistas, mas apresenta algumas consequências metabólicas.

Referências Bibliográficas:

BBC Brasil. 5 sinais que talvez você não esteja consumindo proteínas suficientes. 17 de Outubro de 2016.

NELSON, D.L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

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