Considerado como o 'Pai' Moderno da Imunologia, Jacques Miller (1931) é um médico francês formado em medicina pela Universidade de Sydney, sendo assim um pesquisador franco-australiano, cuja descoberta foi sobre a organização e função do sistema imunológico humano na década de 1960, em particular células B e células T.
Seu primeiro grande feito foi durante seu doutoramento no Instituto de Pesquisas Chester Beatty, em South Kensington, em Londres (1960), ao descobrir que o timo (um órgão que outros cientistas consideravam obsoleto) é vital para o desenvolvimento e função do sistema imune adaptativo. Ao fazer testes experimentais em ratos para entender a origem da leucemia, mostrou que os animais experimentais sem timo ao nascer não foram capazes de rejeitar tecidos e resistir a muitas infecções, pois como não teriam as células de defesa, o organismo não atacava corpos estranhos e patógenos. Isso o tornou um dos poucos cientistas na história a determinar a função de um órgão inteiro.
Retorna a Austrália como líder de um grupo de pesquisa no Walter and Eliza Hall Institute of Medical Research (WEHI) em Melbourne (1966), onde ele descobre também que os linfócitos podem ser divididos em células T e células B, e que eles interagem para que ocorra a produção normal dos anticorpos. Além disso, seu trabalho mostrou também que as células T seriam produzidas no timo e então as células B seriam produzidas na medula óssea, como outras diversas informações importantes para entender o sistema imunológico.
Todas essas descobertas foram importantes para entender melhor também várias doenças, como o câncer, doenças autoimunes e AIDS, assim como processos de rejeição de transplantes, alergias e imunidade antiviral. Essa descoberta levou ao entendimento de que a imunidade humoral (baseada em anticorpos) e a imunidade celular (baseada em linfócitos T) são componentes distintos da resposta imune adaptativa.
Seu trabalho constitui a base para o desenvolvimento de novas estratégias para a produção de vacinas melhores, prevenindo a rejeição de enxertos de órgãos e aumentando a morte das células cancerígenas. Ele também esclareceu maneiras pelas quais o sistema imunológico pode errar e levar a doenças alérgicas, como asma, e doenças autoimunes, como artrite reumatoide e diabetes dependente de insulina.
"Existem muitos exemplos de descobertas 'acidentais' que se revelaram muito importantes", disse o professor Miller. "É por isso que penso que a investigação básica é tão importante - muitas vezes produz aplicações clínicas significativas."
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Esse texto foi escrito por Tainny de Oliveira Gonçalves Vieira, aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biociências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como parte da avaliação da disciplina "Prêmios Nobel em Biociências", coordenada pelo professor David Majerowicz.
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