Uma forte candidata ao Nobel de Química é a pesquisadora Katalin Karikó, doutora em Bioquímica pela Universidade de Szeged. Há décadas Karikó vem contribuindo de maneira notável para o avanço da Ciência e a Medicina. Seu trabalho incansável e inovador no campo do RNA mensageiro (mRNA) desempenhou um papel fundamental na criação das vacinas contra a Covid-19 e na revolução no campo da genética que estamos observando atualmente.
Sua origem modesta, como filha de um açougueiro, a distanciava do mundo da Ciência, não tendo nenhum cientista em sua rede de contatos quando tomou a decisão de trilhar o caminho da pesquisa científica. Em 1985, apenas três anos após sua formação, a húngara atravessou o oceano para os Estados Unidos, onde realizou um pós-doutorado na Temple University, localizada na cidade de Filadélfia, Pensilvânia. Posteriormente, em 1989, Karikó assumiu o cargo de Professora Adjunta na University of Pennsylvania. Nessa instituição, ela concentrou sua pesquisa na inovadora tecnologia de mRNA, mais especificamente no desenvolvimento de terapias baseadas no RNA mensageiro. O mRNA é uma molécula produzida por todos os seres vivos e funciona como uma “receita”, que ao ser lida pela célula, permite que esta produza suas próprias proteínas.
A história da pesquisa de Karikó sobre o RNA mensageiro remonta há décadas atrás, quando ela começou a investigar suas possibilidades terapêuticas. Ela acreditava que o mRNA poderia ser usado para tratar doenças genéticas e outras condições médicas, mas seu trabalho foi negligenciado por muito tempo pela comunidade acadêmica. Sua persistência foi recompensada quando suas descobertas sobre a modificação do mRNA permitiram que ele fosse usado de forma segura e eficaz para a produção de proteínas terapêuticas no corpo humano.
Katalin Karikó e seu colaborador, Drew Weissman, tiveram um papel vital no desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19 baseadas na tecnologia mRNA. A Pfizer-BioNTech e a Moderna utilizaram suas descobertas para criar vacinas que demonstraram uma eficácia extraordinária na prevenção da doença, permitindo o caminhar da pandemia para seu fim. As vacinas de mRNA são uma inovação que tem o potencial de revolucionar a medicina e a imunização. Elas são mais rápidas de se desenvolver e produzir do que as vacinas tradicionais, oferecendo uma vantagem significativa em resposta a pandemias.
Além da aplicação em formulação de vacinas, as contribuições de Karikó também têm o potencial de transformar a medicina personalizada. A capacidade de utilizar mRNA para direcionar a produção de proteínas específicas no organismo abre as portas para terapias altamente precisas e individualizadas para uma ampla gama de condições médicas, incluindo doenças genéticas raras. Essa abordagem promissora pode proporcionar esperança a muitas pessoas que enfrentam condições médicas desafiadoras e anteriormente sem tratamento específico.
O trabalho de Karikó não é apenas uma conquista notável no campo da química, mas uma contribuição que se perpetuará por gerações. Sua pesquisa é uma base sólida para avanços futuros nas áreas de genética, biologia molecular, dentre outras.
Por fim, pode-se concluir que Katalin Karikó é uma cientista visionária cujas contribuições à ciência e à medicina merecem reconhecimento mundial. Seus trabalhos abriram caminho para avanços significativos na medicina personalizada e terapia genética, especialmente em relação ao vivenciado recentemente com a pandemia de Covid-19. Sua jornada é uma inspiração para todos que valorizam a busca incessante do conhecimento e a superação de adversidades. Além disso, a trajetória de Katalin Karikó destaca a importância da representatividade feminina na ciência, mostrando como mulheres cientistas podem desempenhar papéis fundamentais na transformação da saúde e do bem-estar da humanidade. Conceder-lhe o Prêmio Nobel de Química em 2023 seria uma homenagem justa a uma cientista cujo trabalho está quebrando barreiras e inspirando a próxima geração de pesquisadoras.
-----
Esse texto foi escrito por Rafaella Ferreira Alves, aluna de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biociências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como parte da avaliação da disciplina "Prêmios Nobel em Biociências", coordenada pelo professor David Majerowicz.
.jpg)
Comentários
Postar um comentário