O Prêmio Nobel, criado em 1895 na Suécia, é um importante prêmio que tem como finalidade prestigiar pesquisadores responsáveis por contribuir fortemente para a descoberta de novas técnicas e que modificaram o rumo da ciência. Muitas doenças e mecanismos moleculares puderam ser entendidos graças aos estudos de muitos cientistas do passado.
Como exemplo, cita-se Yoshinori Ohsumi, cientista japonês laureado em 2016, que, através de um organismo muito mais simples que o ser humano - a levedura - descobriu a autofagia: é um mecanismo pelo qual as células do corpo humano se renovam ao digerir seus pequenos componentes que apresentam funções defeituosas. Tal descoberta permitiu o desdobramento da ciência com relação a diversas doenças, entre elas a diabetes.
Com os achados de Ohsumi, novos estudos puderam comprovar que os exercícios físicos são ideais para evitar a diabetes do tipo II, pois os exercícios ativam a autofagia, promovem a adaptação das células às mudanças que ocorrem no corpo do indivíduo e na alimentação e impede o mau funcionamento das mitocôndrias - um pequeno componente da célula que é responsável por gerar energia para todo o organismo. Logo, foi constatado que é possível prevenir a doença desde que os indivíduos mantenham uma rotina consideravelmente razoável de exercícios físicos e se alimentem corretamente.
E não para por aí. O descobrimento do cientista também possibilitou um estudo mais analítico e aprofundado do câncer, uma doença que acomete e assusta milhões de pessoas ao redor do mundo. Avanços científicos puderam detectar que a autofagia funciona como uma faca de duas pontas com relação à doença: nos estágios iniciais do câncer, a autofagia funciona como um escudo e protege a célula de danos, identificando e destruindo as anormalidades cancerosas através da destruição dos seus componentes ou ativando outro mecanismo denominado de apoptose, onde a célula entra em um estado de morte programada, se autodestruindo. Porém, em casos mais avançados da enfermidade, como a metástase, a autofagia pode acabar estimulando e ajudando a espalhar as células que deram origem ao tumor e, assim, dão continuidade a progressão do câncer.
O impacto de Ohsumi é indescritível, e suas descobertas revolucionaram a meio científico. Definitivamente esse pesquisador mereceu - e muito - ser prestigiado com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina.
Outros cientistas dos anos anteriores também tiveram uma grande importância para a evolução da ciência, da qualidade de vida e como ocorreu a evolução dos seres humanos do século XXI. Um cientista que pode ser citado - e merece ser laureado com um prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, por exemplo, - é o norte-americano Donald Johanson. Esse paleoantropólogo - pesquisador que investiga as evidências deixadas por fósseis de primitivos - foi responsável por descobrir e estudar a “Lucy” em 1974, na Etiópia. Curiosamente, esse nome dado ao fóssil se deve ao fato da música “Lucy in the Sky with Diamonds” da banda britânica The Beatles estar tocando durante as escavações, e por ela ter sido identificada como uma indivídua fêmea. O registro fóssil encontrado permitiu entender a evolução dos seres humanos, principalmente com relação ao deslocamento dos hominídeos e ao fato deles serem bípedes, ou seja, caminharem sobre dois pés. A análise de quarenta por cento do seu esqueleto permitiu identificar que Lucy morreu como uma jovem adulta, muito mais próxima evolutivamente dos seres humanos atuais do que dos macacos em si. Além disso, foram descobertas também evidências que comprovam que os antecessores do homem moderno, independentemente de sua cor ou qualquer outra característica, tiveram suas origens no continente africano.
Dada à importância e o mistério por trás da história do homem moderno como um organismo no planeta Terra, tal descoberta dos anos 70 é passível de um Prêmio Nobel; visto que muitos comportamentos e culturas atuais podem ser explicados através da evolução envolvendo os seres humanos e seus antepassados.
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Esse texto foi escrito por Matheus Paiva Santos Tavares, aluno de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biociências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como parte da avaliação da disciplina "Prêmios Nobel em Biociências", coordenada pelo professor David Majerowicz.
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