Sua pesquisa sobre câncer de mama e ovário iniciou-se devido a sua inicial formação na área de estatística.
Inicialmente, propôs modelos de regressão e análise de cluster para sustentar a hipótese de que mulheres com histórico de câncer de mama na família possuíam mais chances de desenvolver esse tipo de câncer. O contexto da época era a campanha do presidente norte americano, Richard Nixon, “guerra contra o câncer” (war on cancer). Nesse momento, havia muitos incentivos para encontrar a cura do câncer e o Instituto Nacional do Câncer estava realizando uma pesquisa para estudar a associação entre câncer de mama e anticoncepcionais. Mary-Claire King participou dessa iniciativa e sugeriu incluir algumas perguntas sobre a história da família dessas mulheres. Portanto, de acordo com a própria: “Logo tive dados de 1.500 mulheres com câncer de mama lindamente averiguados, lindamente entrevistadas...” (Neill 2019). Essa pequena citação demonstra seu conhecimento sobre análise e qualidade de dados. Não só é necessário saber analisar dados provenientes de um questionário, mas é imprescindível conhecer as técnicas da construção de perguntas e as técnicas para aplicá-las. Sem isso, nunca será possível coletar dados relevantes. Conforme dizia George Fuechsel, técnico da IBM, “garbage in, garbage out”.
Com o modelo de clusterização, ficou claro que as chances de desenvolvimento de câncer eram maiores em algumas famílias do que em outras. Entretanto, ela não sabia se era devido à algum efeito poligênico ou efeito de algum gene recessivo. Com esse estudo, a hipótese era de que havia a presença de um gene na família que faria a chance de câncer aumentar de 8 % para 80 %.
A descoberta do BRCA1 se iniciou com o recrutamento de 23 membros de uma família com histórico de câncer de mama e útero (Mostra os membros dessa família, e de outras, nesse vídeo). A Dra. King e seu grupo de pesquisa descobriram uma região no cromossomo 17q21 nessa família que a chance de hereditariedade do câncer de mama era de 1 milhão para 1. Esses resultados foram imprescindíveis para que fosse possível duplicar e clonar a sequência do gene (Hurst 2014). Desta forma, a partir de agora, a maioria dos cânceres de ovário e mama podem ser prevenidos se seus portadores souberem de sua existência.
Além de toda a sua contribuição para a ciência e sociedade, Dra. Marie King também é defensora de ações afirmativas. Em sua entrevista para o The Journal of Clinical Investigation, comenta que para entrar para o corpo docente da Universidade da Califórnia precisou de ações afirmativas voltada para mulheres. Nessa época, foram recém-criadas duas ações: todo comitê de pesquisa era obrigado a ter pelo menos uma mulher e também um estudante como membros. Por este motivo, a Dra. Marie King defende ações voltadas para as minorias. Portanto, devido a toda sua contribuição para a saúde pública, para a sociedade, inovação na área da pesquisa e por ser mais uma representante mulher em uma premiação onde a grande maioria são homens acredito que a Dra. Marie King deva receber o Nobel de Fisiologia ou Medicina
Referências:
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Esse texto foi escrito por Regina Viana de Carvalho Faria, aluna de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como parte da avaliação da disciplina "Prêmios Nobel em Biociências", coordenada pelo professor David Majerowicz.
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