O câncer de mama é a segunda principal causa de morte no mundo, responsável por 9,6 milhões delas apenas em 2018. A nível global, uma em cada seis mortes são relacionadas à doença. Em 2019, foram estimados 59.700 casos novos só no Brasil. Aproximadamente 70 % das mortes por câncer ocorrem em países de baixa e média renda, segundo a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) e a OMS (Organização Mundial de Saúde).
Para diagnosticar o câncer de mama é preciso observar primeiramente em qual estágio se encontra a doença, assim como as características do tumor. Quando a doença é diagnosticada no início, o tratamento tem maior potencial curativo. Quando há evidências de metástases (espalhamento do tumor), o tratamento tem por objetivos principais prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida do paciente. O uso da terapia local como cirurgias e radioterapia é a principal escolha de tratamento entre os estágios I e II, seguido de quimioterapia, hormônio-terapia com uso de anticorpos monoclonais e terapia biológica para casos mais graves. Esses tratamentos podem ser utilizados individualmente ou combinados para uma melhor eficácia.
Ao longo dos anos a ciência vem trabalhando para inovações de tratamento de câncer, como é o caso do Herceptin, um anticorpo monoclonal – um anticorpo de uma única célula que atua na resposta de defesa do corpo - que bloqueia uma proteína causadora de câncer e vem servindo de terapia no combate ao câncer de mama. Essa descoberta feita pelos cientistas H. Michael Shepard, Dennis J. Slamon e Axel Ullrich, foi revolucionária e os levou a ganhar o prêmio Lasker desse ano, fazendo também serem fortes candidatos a levarem o prêmio Nobel em 2019.
Na década de 70, cientistas descobriram que genes dentro de nossos corpos venham a desencadear o câncer. Na tentativa de impedir esse problema, cientistas começaram a desenvolver uma abordagem terapêutica através de bloqueio da atividade de certas moléculas que residem especificamente nas células cancerígenas. Essas moléculas atuam nos receptores, que se encontram através da membrana celular e que recebem sinais do ambiente externo e os retransmitem para dentro da célula para estimular a proliferação.
Focando na atuação dessas moléculas, o Dr. Ullrich e seus colegas que já trabalhavam com receptores, principalmente o de uma enzima chamada tirosina-quinase, descobriram um gene com uma sequência muito parecida com Receptor de Fator de Crescimento Epidermal Humano (EGFR ou HER1), responsável por desencadear o crescimento da epiderme (pele) e por isso eles batizaram esse gene como HER2. Mais tarde, estudos mostrariam que o HER2 era amplificado em câncer de mama humana.
Enquanto isso o Dr. Slamon, trabalhava em seu laboratório com coletas de tecidos acometidos pelo câncer de mama e verificando se os níveis de genes ligados ao câncer, já conhecidos na época, estariam aumentados nesses tecidos. Em 1987, junto com o Dr. Ullrich, ele descobriu que quase 30% das amostras de câncer de mama continham mais de uma cópia de gene HER2. Suas análises mostraram que pacientes que carregavam várias cópias desse gene recaiam mais rápido e morriam mais cedo do que as que apresentavam apenas uma cópia.
Em outros estudos, cientistas como o Dr. Shepard pesquisavam como as células cancerígenas conseguiam evitar a destruição por um produto químico relacionado a resposta imune do corpo, chamado Fator de Necrose Tumoral-α (TNF-α). Ele descobriu que a ativação de algumas enzimas, como a tirosina-quinase, trabalhada pelo Dr. Ullrich, poderiam reduzir o potencial letal do TNF-α. Sendo assim, em ensaios com células de camundongos eles demonstraram que o HER2 leva à resistência aos efeitos tóxicos do TNF-α.
Com esses achados os cientistas focaram em desenvolver um fármaco, que sensibilizasse o HER2 aos efeitos tóxicos do TNF-α. Assim, foi feito o 4D5, um anticorpo que se ligava ao HER2 sem causar danos as células saudáveis. Ele bloqueava a proliferação de células de câncer de mama com mais HER2 que o normal. Em 1998, dados de ensaios clínicos em câncer metastático em mulheres com câncer de mama eram suficientemente fortes para que o anticorpo 4D5 – agora chamado de trastuzumab (marca Herceptin) – fosse aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA (equivalente à nossa ANVISA), se tornando um complemento a quimioterapia no tratamento ao câncer de mama salvando milhares de vidas no mundo.
Para diagnosticar o câncer de mama é preciso observar primeiramente em qual estágio se encontra a doença, assim como as características do tumor. Quando a doença é diagnosticada no início, o tratamento tem maior potencial curativo. Quando há evidências de metástases (espalhamento do tumor), o tratamento tem por objetivos principais prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida do paciente. O uso da terapia local como cirurgias e radioterapia é a principal escolha de tratamento entre os estágios I e II, seguido de quimioterapia, hormônio-terapia com uso de anticorpos monoclonais e terapia biológica para casos mais graves. Esses tratamentos podem ser utilizados individualmente ou combinados para uma melhor eficácia.
Ao longo dos anos a ciência vem trabalhando para inovações de tratamento de câncer, como é o caso do Herceptin, um anticorpo monoclonal – um anticorpo de uma única célula que atua na resposta de defesa do corpo - que bloqueia uma proteína causadora de câncer e vem servindo de terapia no combate ao câncer de mama. Essa descoberta feita pelos cientistas H. Michael Shepard, Dennis J. Slamon e Axel Ullrich, foi revolucionária e os levou a ganhar o prêmio Lasker desse ano, fazendo também serem fortes candidatos a levarem o prêmio Nobel em 2019.
Na década de 70, cientistas descobriram que genes dentro de nossos corpos venham a desencadear o câncer. Na tentativa de impedir esse problema, cientistas começaram a desenvolver uma abordagem terapêutica através de bloqueio da atividade de certas moléculas que residem especificamente nas células cancerígenas. Essas moléculas atuam nos receptores, que se encontram através da membrana celular e que recebem sinais do ambiente externo e os retransmitem para dentro da célula para estimular a proliferação.
Focando na atuação dessas moléculas, o Dr. Ullrich e seus colegas que já trabalhavam com receptores, principalmente o de uma enzima chamada tirosina-quinase, descobriram um gene com uma sequência muito parecida com Receptor de Fator de Crescimento Epidermal Humano (EGFR ou HER1), responsável por desencadear o crescimento da epiderme (pele) e por isso eles batizaram esse gene como HER2. Mais tarde, estudos mostrariam que o HER2 era amplificado em câncer de mama humana.
Enquanto isso o Dr. Slamon, trabalhava em seu laboratório com coletas de tecidos acometidos pelo câncer de mama e verificando se os níveis de genes ligados ao câncer, já conhecidos na época, estariam aumentados nesses tecidos. Em 1987, junto com o Dr. Ullrich, ele descobriu que quase 30% das amostras de câncer de mama continham mais de uma cópia de gene HER2. Suas análises mostraram que pacientes que carregavam várias cópias desse gene recaiam mais rápido e morriam mais cedo do que as que apresentavam apenas uma cópia.
Em outros estudos, cientistas como o Dr. Shepard pesquisavam como as células cancerígenas conseguiam evitar a destruição por um produto químico relacionado a resposta imune do corpo, chamado Fator de Necrose Tumoral-α (TNF-α). Ele descobriu que a ativação de algumas enzimas, como a tirosina-quinase, trabalhada pelo Dr. Ullrich, poderiam reduzir o potencial letal do TNF-α. Sendo assim, em ensaios com células de camundongos eles demonstraram que o HER2 leva à resistência aos efeitos tóxicos do TNF-α.
Com esses achados os cientistas focaram em desenvolver um fármaco, que sensibilizasse o HER2 aos efeitos tóxicos do TNF-α. Assim, foi feito o 4D5, um anticorpo que se ligava ao HER2 sem causar danos as células saudáveis. Ele bloqueava a proliferação de células de câncer de mama com mais HER2 que o normal. Em 1998, dados de ensaios clínicos em câncer metastático em mulheres com câncer de mama eram suficientemente fortes para que o anticorpo 4D5 – agora chamado de trastuzumab (marca Herceptin) – fosse aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA (equivalente à nossa ANVISA), se tornando um complemento a quimioterapia no tratamento ao câncer de mama salvando milhares de vidas no mundo.
Esse texto foi escrito pela aluna de mestrado Ingrid Del Castilo da Silva como parte da avaliação da disciplina "Prêmios Nobel das Ciências Farmacêuticas" do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenada pelo professor David Majerowicz, junto com os professores Renato C.
Sampaio e Heitor A. de Paula Neto
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