Hoje falando de novo sobre células-tronco, que estão mais na moda que ex-BBB. Quando um espermatozoide fecunda um óvulo, temos a formação da primeira célula do novo ser vivo, o zigoto. Esse zigoto vai dar origem a todas as outras células do embrião, do feto, da criança, do adulto e do idoso. Podemos então dividir as células, de modo grosseiro, em dois tipos: as células indiferenciadas e as diferenciadas.
As células indiferenciadas podem se diferenciar em algum tipo de célula ou continuar se dividindo em novas células indiferenciadas. Essas são as células-tronco e o zigoto é a célula-tronco primordial. Já as células diferenciadas são as que já têm uma função final no organismo, com as suas características particulares, como um neurônio no cérebro. Normalmente, as células diferenciadas têm uma taxa de divisão celular (ou seja, a formação de uma nova célula a partir da primeira) muito baixa e também não conseguem voltar seus estágios de diferenciação (embora isso possa acontecer em raros casos). Em uma analogia tosca, imagine que a célula-tronco é como um carro parado em um sinal, no ponto morto, se dividindo em outros carros. Quando o sinal abre, os carros param de se dividir, aceleram por uma via de diferenciação e só param quando chegam ao seu destino final, que pode ser um neurônio, uma célula da parede do estômago ou uma célula vermelha do sangue. Entender como tudo funciona - o motor do carro, as marchas do câmbio e o sinal de trânsito - é essencial para podermos usar as células-tronco como opção de tratamento para diferentes doenças. Mas como vocês podem imaginar, é muita coisa e não é fácil.
Recentemente, um grupo de cientistas americanos descobriu uma proteína presente nas células-tronco que é importante para manter o “carro” parado no ponto morto, se dividindo. O trabalho foi publicado na revista PNAS e é mais um passo para que possamos entender o sistema.
A proteína, chamada FZD7, é um receptor de sinais que fica na membrana da célula. Quando os cientistas mediram o quanto dessa proteína está presente na célula, viram que as células-tronco tinham muito mais dela que as células já diferenciadas. Depois os cientistas impediram o funcionamento dessas proteínas nas células-tronco; e elas começaram a se transformar em células diferenciadas. Ou seja, essa proteína receptora “sente” os sinais em volta da célula e mantém a célula-tronco indiferenciada e se dividindo. Ela mantem o carro em ponto morto parado no sinal.
Esses resultados vão permitir aos cientistas cultivar as células-tronco em laboratório com mais facilidade, possibilitando ainda mais a utilização delas em terapias celulares para diferentes doenças. Mas não é tudo: algumas células cancerosas também têm uma grande quantidade da proteína FZD7. Como o câncer também é um carro em ponto morto, sem se diferenciar e se dividindo muito rapidamente, os cientistas acreditam que essa proteína pode ter papel importante na doença. Se alguma droga for criada para impedir o funcionamento dessa proteína, é possível que o câncer “engate a primeira” para a diferenciação e pare de se dividir. Assim o tumor pararia de crescer. Dessa forma, FZD7 é um novo alvo promissor para o combate ao câncer.
Células-tronco e câncer; dois coelhos com uma cajadada só!
Referência
As células indiferenciadas podem se diferenciar em algum tipo de célula ou continuar se dividindo em novas células indiferenciadas. Essas são as células-tronco e o zigoto é a célula-tronco primordial. Já as células diferenciadas são as que já têm uma função final no organismo, com as suas características particulares, como um neurônio no cérebro. Normalmente, as células diferenciadas têm uma taxa de divisão celular (ou seja, a formação de uma nova célula a partir da primeira) muito baixa e também não conseguem voltar seus estágios de diferenciação (embora isso possa acontecer em raros casos). Em uma analogia tosca, imagine que a célula-tronco é como um carro parado em um sinal, no ponto morto, se dividindo em outros carros. Quando o sinal abre, os carros param de se dividir, aceleram por uma via de diferenciação e só param quando chegam ao seu destino final, que pode ser um neurônio, uma célula da parede do estômago ou uma célula vermelha do sangue. Entender como tudo funciona - o motor do carro, as marchas do câmbio e o sinal de trânsito - é essencial para podermos usar as células-tronco como opção de tratamento para diferentes doenças. Mas como vocês podem imaginar, é muita coisa e não é fácil.
Recentemente, um grupo de cientistas americanos descobriu uma proteína presente nas células-tronco que é importante para manter o “carro” parado no ponto morto, se dividindo. O trabalho foi publicado na revista PNAS e é mais um passo para que possamos entender o sistema.
A proteína, chamada FZD7, é um receptor de sinais que fica na membrana da célula. Quando os cientistas mediram o quanto dessa proteína está presente na célula, viram que as células-tronco tinham muito mais dela que as células já diferenciadas. Depois os cientistas impediram o funcionamento dessas proteínas nas células-tronco; e elas começaram a se transformar em células diferenciadas. Ou seja, essa proteína receptora “sente” os sinais em volta da célula e mantém a célula-tronco indiferenciada e se dividindo. Ela mantem o carro em ponto morto parado no sinal.
Esses resultados vão permitir aos cientistas cultivar as células-tronco em laboratório com mais facilidade, possibilitando ainda mais a utilização delas em terapias celulares para diferentes doenças. Mas não é tudo: algumas células cancerosas também têm uma grande quantidade da proteína FZD7. Como o câncer também é um carro em ponto morto, sem se diferenciar e se dividindo muito rapidamente, os cientistas acreditam que essa proteína pode ter papel importante na doença. Se alguma droga for criada para impedir o funcionamento dessa proteína, é possível que o câncer “engate a primeira” para a diferenciação e pare de se dividir. Assim o tumor pararia de crescer. Dessa forma, FZD7 é um novo alvo promissor para o combate ao câncer.
Células-tronco e câncer; dois coelhos com uma cajadada só!
Referência
FERNANDEZ, A.; HUGGINS, I. J.; PERNA, L.; BRAFMAN, D.; LU, D.; YAO, S.; GAASTERLAND, T.; CARSON, D. A.; WILLERT, K. The WNT receptor FZD7 is required for maintenance of the pluripotent state in human embryonic stem cells. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 111, n. 4, p. 1409-1414, 2014.
Comentários
Postar um comentário