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Mostrando postagens de novembro, 2014

Como o Ebola mata tanto?

Fonte: extra.globo.com No momento em que escrevo essa postagem, a epidemia de Ebola de 2014 já infectou quase 16 mil pessoas na África e causou a morte de quase seis mil, tendo uma taxa de mortalidade que beira 40 %. Quando você estiver lendo, o número já será maior. E provavelmente, embora muitos altos, esses números são menor do que a realidade, já que o colapso do frágil sistema de saúde dos países afetados impede que todos os casos sejam diagnosticados. Mas por que o Ebola é tão mortal? Primeiro, precisamos entender como o nosso corpo se defende dos vírus. Como eu já escrevi antes , os vírus não são capazes de produzir suas próprias proteínas e, por isso, precisam invadir as células do hospedeiro e usar os seus recursos. Para se proteger dessa invasão, uma das coisas que o nosso corpo vai é produzir uma proteína, chamada interferon. O interferon “avisa” as células da presença do vírus e faz com que elas produzam substâncias antivirais para se proteger. Como ele

Cultura de célula 2.0 vai ajudar no estudo do cérebro

Fonte: www.cartacapital.com.br O cérebro é extremamente complexo. Células, com diferentes estruturas e funções, se comunicam para transmitir impulsos nervosos que controlam muitas atividades por todo o organismo. A própria estrutura tridimensional do órgão é importante para as suas funções. Assim, o melhor modelo para estudar o cérebro é o próprio cérebro. Mas como nós não podemos viver sem o nosso, dependemos de animais de laboratório para realizar experimentos de fisiologia cerebral. E, como as cobaias também não vivem sem cérebro, elas precisam ser eutanasiadas no fim dos experimentos, na grande maioria das vezes. Métodos alternativos para o estudo do cérebro ainda são falhos em reproduzir o que acontece dentro da caixa craneana. Por exemplo, uma cultura de neurônios em laboratório está muito longe de representar a complexidade do cérebro, embora funcione muito bem em estudos sobre a fisiologia dos neurônios em si. Para atacar esse problema, pesquisadores americ

Novo caminho para o tratamento do diabetes

Fonte: www.mundodastribos.com O diabetes, doença caracterizada pelos altos níveis de açúcar no sangue, atinge cerca de 20 milhões de brasileiros. A doença é classificada em dois tipos. No diabetes tipo I, a pessoa é incapaz de produzir ou liberar o hormônio insulina, responsável por fazer as células do corpo, principalmente fígado, músculos e tecido adiposo (que acumula gordura), pegarem a glicose do sangue. O diabetes tipo I normalmente aparece ainda na infância e esses indivíduos são tratados com o recebimento de doses injetáveis de insulina. Já no diabetes tipo II, as pessoas produzem insulina (na maioria das vezes até demais), mas as células não são capazes de “sentir” o hormônio e não retiram o açúcar do sangue, o que faz com que a glicose permaneça alta. O diabetes tipo II está claramente associada à obesidade e é uma doença crônica, que pode levar ao entupimento dos vasos sanguíneos (aterosclerose), danos na retina (que pode levar até a cegueira), pressão alta, problemas de

Novos passos no entendimento da leucemia

Fonte: www.oitopassos.com A leucemia linfoide aguda é o câncer infantil mais comum. A taxa de cura é alta e gira em torno de 90 %, porém ela ainda é a principal causa de morte de crianças nos países desenvolvidos. Os pacientes têm uma produção descontrolada de leucócitos (que são células do sangue, responsáveis pela defesa do organismo). O excesso dessas células, pouco desenvolvidas e malignas, causam diversos sintomas, como fraqueza, febre, perda de peso, sangramentos e dores nas juntas. Os cientistas ainda não sabem totalmente o que causa a divisão descontrolada dos leucócitos e muitos genes defeituosos estão envolvidos no processo. Um desses genes, que foi implicado na doença recentemente, é chamado de Pax5 . Pax5 é um fator de transcrição, ou seja, é um gene cuja função é regular a atividade de outros genes. Mas o papel de Pax5 na leucemia ainda é pouco entendido. Com isso em mente, pesquisadores da Austrália, Áustria e Estados Unidos criaram um

Avançando o sinal vermelho

Fonte: wellingtonflagg.blogspot.com Har G. Khorana Como as informações escritas nos nossos genes são lidas para a formação das proteínas do nosso corpo? Primeiro, os genes presentes no seu DNA são copiados em moléculas de RNA, num processo chamado transcrição. Esse RNA possui a mesma sequência que estava no DNA (com exceção do “T”, que no RNA passa a ser “U”). Em seguida, esse RNA é “lido” por estruturas celulares chamadas ribossomos. Cada três “letras” do RNA funcionam como uma sílaba (que é chamada de códon) e indicam qual aminoácido deve ser colocado para a formação das mais diversas proteínas, no processode tradução. Esse código de três letras é o famoso código genético e foi decifrado por Har Gobind Khorana , Robert W. Holley e Marshall Nirenberg , que receberam o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1968. O código genético também indica quando uma proteína deve começar a ser feita e quando ela deve terminar. A sequência de letras “AUG” indica que os ribossomos

Biblioteca da Torre - “Isto é Biologia: A Ciência do Mundo Vivo”, de Ernst Mayr

Ernst Mayr (Fonte: en.wikipedia.org) Ernst Mary foi um dos maiores evolucionistas da história da Biologia e ator principal da chamada Síntese Neodarwinista do século XX. Biólogo alemão, Mayr se dedicou à ornitologia (estudo das aves) no início da sua carreira, mas suas maiores contribuições foram dadas ao campo da evolução das espécies. Mayr definiu o Conceito Biológico de Espécie, que considera uma espécie não como um grupo de indivíduos similares em sua aparência, mas sim um grupo de seres capazes de se reproduzir entre si, gerando descendentes férteis. Esse conceito de espécie é o mais usado no estudo dos animais e sua evolução. Mayr também desenvolveu estudos sobre como as novas espécies surgem a partir de um ancestral comum e elaborou a teoria da especiação peripátrica, onde pequenos grupos de indivíduos podem ocupar nichos na periferia da área onde a espécie vive, e se isolar e mudar rapidamente com o passar das gerações. Além de tudo isso, Mayr se dedicou a

Mais um gene do infarto e do derrame

Fonte: revistavivasaude.uol.com.br Eu já escrevi isso aqui : “os genes carregam a arma, mas o ambiente puxa o gatilho”. Ou seja, tanto os genes que recebemos dos nossos pais quanto o nosso estilo de vida têm influência sobre a maior parte das nossas características (incluindo as doenças metabólicas). Mas é importante descobrir genes que possam estar envolvidos com o surgimento de doenças e entender como eles funcionam, para que pessoas que os carregam possam ser avisadas tratadas de modo precoce. Isso pode evitar, ou pelo menos adiar, o aparecimento dos problemas. Como esse objetivo, pesquisadores do Reino Unido fizeram uma profunda busca na literatura científica e juntaram os resultados de dezenas de trabalhos publicados para verificar a relação entre um gene e o risco do desenvolvimento de infartos e AVCs (que no meu tempo se chamava derrame). O gene em questão codifica a proteína glicoproteína IIIa (abreviada GPIIIa). Essa proteína possui diversas variantes, que

O que água e esgoto têm a ver com experimentação animal?

  Fonte: ramonlamar.blogspot.com Assisti a um vídeo no Youtube , enviado pelo Prof. Thales Trez, do Departamento de Ciências Humanas, da Universidade Federal de Alfenas, Minas Gerais. O vídeo começa com uma variação da pergunta que uso como título desse artigo. A minha resposta: - Nada, professor... O Dr. Trez discorre pelos 7 minutos do vídeo uma série de fatos e argumentos, concluindo que, embora camundongos e humanos sejam 90 % geneticamente idênticos, usar esses roedores como modelos para pesquisa humana é tão absurdo quanto beber água contaminada com 10 % de esgoto porque 90 % dela ainda são puro H2O. Muitos dos fatos e argumentos são válidos. Mas, usando outra analogia, Trez é pessimista e vê o copo meio vazio. Eu prefiro ver os mesmos fatos enchendo metade do copo. A minha visão e resposta seguem abaixo. Trez diz que o melhor modelo para estudos de fisiologia humana são os próprios humanos. Ele não pode estar mais certo! Os nossos modelos animais atuais possuem diversas l