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Fonte: www.cartacapital.com.br |
O cérebro é extremamente complexo. Células, com diferentes estruturas e funções, se comunicam para transmitir impulsos nervosos que controlam muitas atividades por todo o organismo. A própria estrutura tridimensional do órgão é importante para as suas funções. Assim, o melhor modelo para estudar o cérebro é o próprio cérebro. Mas como nós não podemos viver sem o nosso, dependemos de animais de laboratório para realizar experimentos de fisiologia cerebral. E, como as cobaias também não vivem sem cérebro, elas precisam ser eutanasiadas no fim dos experimentos, na grande maioria das vezes. Métodos alternativos para o estudo do cérebro ainda são falhos em reproduzir o que acontece dentro da caixa craneana. Por exemplo, uma cultura de neurônios em laboratório está muito longe de representar a complexidade do cérebro, embora funcione muito bem em estudos sobre a fisiologia dos neurônios em si.
Para atacar esse problema, pesquisadores americanos desenvolveram uma cultura de células de neurônios em 3D. Eles montaram uma estrutura básica, feita a base de fibras de seda e um tipo de gel usado em culturas de células contendo colágeno. E, então, os neurônios obtidos de cérebro de ratos foram crescidos nessa estrutura. Quando cultivados dessa forma, os neurônios se mantiveram viáveis por pelos menos dois meses, muito mais do que nas culturas de células tradicionais.
Além disso, os cientistas também testaram como os neurônios cultivados em 3D reagiam a diferentes estímulos, como o uso de toxinas e impactos mecânicos contra o cérebro. Em ambas as situações, a diminuição da atividade dos neurônios e a liberação de substâncias pelas células se mostrou bastante similar ao já visto em cérebros “de verdade”.
Embora essa cultura 3D pareça representar melhor o cérebro do que uma tradicional cultura 2D, pesquisadores são cautelosos no estudo publicado nesse ano na revista americana Proceedings of the National Academy of Sciences. Outras células presentes no cérebro, além dos neurônios, precisam ser incluídas no sistema para que se torne mais próximo da realidade. Modificações na estrutura usada também poderão ser feitas para simular diferentes regiões do órgão. Mais estudos são necessários, mas pode-se vislumbrar uma redução no uso de animais nas pesquisas de neurobiologia.
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