![]() |
Fonte: www.oitopassos.com |
A leucemia linfoide aguda é o câncer infantil mais comum. A taxa de cura é alta e gira em torno de 90 %, porém ela ainda é a principal causa de morte de crianças nos países desenvolvidos. Os pacientes têm uma produção descontrolada de leucócitos (que são células do sangue, responsáveis pela defesa do organismo). O excesso dessas células, pouco desenvolvidas e malignas, causam diversos sintomas, como fraqueza, febre, perda de peso, sangramentos e dores nas juntas.
Os cientistas ainda não sabem totalmente o que causa a divisão descontrolada dos leucócitos e muitos genes defeituosos estão envolvidos no processo. Um desses genes, que foi implicado na doença recentemente, é chamado de Pax5. Pax5 é um fator de transcrição, ou seja, é um gene cuja função é regular a atividade de outros genes. Mas o papel de Pax5 na leucemia ainda é pouco entendido.
Com isso em mente, pesquisadores da Austrália, Áustria e Estados Unidos criaram um camundongo transgênico, onde era possível “ligar e desligar” o gene Pax5 facilmente. Assim, a função do gene na leucemia poderia ser estudada de modo mais simples. Quando o gene era desligado, os camundongos desenvolviam leucemia aproximadamente cinco meses. Porém, se o gene for religado, os animais tem uma melhora significativa nos sintomas e vivem dois meses a mais que os outros. Os cientistas também investigaram quais genes estavam desregulados na ausência de Pax5 e se surpreenderam em descobrir que mais de seis mil genes tinham sua atividade desregulada.
Os pesquisadores também estudaram células de pacientes humanos que tinham o gene Pax5 defeituosos. As células foram cultivadas em laboratório e um gene Pax5 funcional foi inserido artificialmente. E essas células apresentaram um perfil de malignidade menor, o que indicaria uma melhora no quadro do paciente. Cerca de 200 genes estavam desregulados nessas células humanas com Pax5 defeituoso.
Os resultados são interessantes, mas segundo os cientistas, Pax5 não seria um bom alvo para o tratamento da leucemia. Isso porque, normalmente, os pacientes apresentam um Pax5 que não funciona e é muito difícil recuperar a sua função com um remédio com a tecnologia atual. Porém, o próximo passo será identificar quais desses 200 genes desregulados são importantes para o desenvolvimento da doença. Caso seja possível aumentar a atividade desses genes, a doença poderia ser controlada. Esses seriam então alvos para a produção de novos tratamentos. A pesquisa foi publicada esse ano na revista Genes & Development.
Referência
LIU, G. J. et al. Pax5 loss imposes a reversible differentiation block in B-progenitor acute lymphoblastic leukemia. Genes & Development, v. 28, n. 12, p. 1337–50, 2014.
Comentários
Postar um comentário