No início de Janeiro desse ano, vi circulando pelo Facebook, um link para uma postagem do blog Portugal Mundial, publicada no início de 2013, que descreve muitos malefícios causados pelo consumo de leite de vaca pelas pessoas. (O link original estava fora do ar no momento em que escrevi essa postagem, mas existe uma cópia da postagem no blog QGA.) O leite causaria tantos problemas de saúde que eu fiquei surpreso da humanidade ainda existir mesmo consumindo esse veneno. Realmente somos muito resistentes! No final das contas, como sou cientista e, portanto, naturalmente cético, fui fazer as minhas próprias pesquisas para tirar a prova dos nove e descobrir se o leite de vaca é mesmo tão perigoso.
Para início de conversa, é verdade que o consumo de leite por mamíferos adultos não é natural. Todos os mamíferos mamam o leite das suas mães como fonte de alimento quando filhotes até o momento do desmame. Depois disso, eles passam a se alimentar que outras coisas típicas para cada espécie. A partir daí, os mamíferos perdem a capacidade de digerir a lactose, o principal açúcar presente no leite. Esse fenômeno, chamado de intolerância a lactose, é causado pela diminuição da quantidade da enzima lactase, responsável por degradar a lactose, no intestino. Isso também aconteceria em todos os seres humanos, se nós não tivéssemos domesticado as vacas durante a Revolução Neolítica, há uns 12 mil anos atrás. A cultura do consumo de leite por humanos não filhotes e a persistência da produção de lactase no intestino humano é uma das evidências da Teoria da Evolução pela Seleção Natural de Darwin aplicada a história do Homo sapiens. A figura ao lado, retirada de um artigo (Beja-Pereira e cols., 2003) publicado na revista Nature Genetics, ajuda a entender.
Para início de conversa, é verdade que o consumo de leite por mamíferos adultos não é natural. Todos os mamíferos mamam o leite das suas mães como fonte de alimento quando filhotes até o momento do desmame. Depois disso, eles passam a se alimentar que outras coisas típicas para cada espécie. A partir daí, os mamíferos perdem a capacidade de digerir a lactose, o principal açúcar presente no leite. Esse fenômeno, chamado de intolerância a lactose, é causado pela diminuição da quantidade da enzima lactase, responsável por degradar a lactose, no intestino. Isso também aconteceria em todos os seres humanos, se nós não tivéssemos domesticado as vacas durante a Revolução Neolítica, há uns 12 mil anos atrás. A cultura do consumo de leite por humanos não filhotes e a persistência da produção de lactase no intestino humano é uma das evidências da Teoria da Evolução pela Seleção Natural de Darwin aplicada a história do Homo sapiens. A figura ao lado, retirada de um artigo (Beja-Pereira e cols., 2003) publicado na revista Nature Genetics, ajuda a entender.
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Fonte: Beja-Pereira e cols., 2003 |
Bem, vamos ver então o que está
escrito no tal texto que circula pelo Facebook. Nos dois primeiros parágrafos,
o autor cospe um monte de doenças crônicas com as quais o consumo de leite de
vaca estaria relacionado. Porém, tudo sem uma única fonte ou referência
científica ou não. Como saber se é verdade ou se o autor do texto não é
esquizofrênico ou tem um conchavo com uma associação de empresas que produzem
leite de soja? Pesquisando na fonte científica: Pubmed! Isso foi o resumo do
que encontrei.
Existe uma hipótese científica
chamada β-caseína A1/A2. A β-caseína é a principal proteína presente no leite
de vaca e, dependendo do genoma da vaca produtora, ela pode ter duas formas
variantes, chamadas A1 e A2. Segundo a hipótese β-caseína A1/A2, o consumo de
leite com o tipo A1 da proteína poderia levar a processos imunológicos que causariam
diabetes do tipo I e doenças cardiovasculares. Porém, até agora, não existem
evidências convincentes de que a β-caseína A1 do leite de vaca tenha qualquer
efeito adverso em humanos, causando diabetes, doenças cardiovasculares ou
qualquer outra doença (Truswell, 2005).
Durante o desenvolvimento
infantil, a história parece ser um pouco diferente e o leite de vaca pode
realmente ser um vilão. Estudos têm mostrado que o grande consumo de proteína
nos primeiros dois anos de vida parece ser um fator de risco para o
desenvolvimento de obesidade (Koletzko e cols., 2009; Michaelsen e Greer,2014).
Como o leite de vaca pode ser uma fonte de proteínas importante nesse período
da vida, seu consumo em excesso pode deixar as crianças mais gordinhas no
futuro. Além disso, o aminoácido leucina, que está três vezes mais presente no
leite de vaca do que no leite humano, é um sinal importante para o
desenvolvimento do tecido adiposo, aquele que acumula gordura no corpo (Melnik, 2012). Mais ainda, a redução no
tempo de amamentação no peito e exposição da dieta com proteínas complexas (com
as presentes no leite de vaca) podem estar relacionadas a processos autoimunes
contra as células do pâncreas, gerando a diabetes do tipo I (Knip e cols., 2011).
Entretanto, esse não é um problema exclusivo do leite de vaca, mas sim do
excesso de proteínas de qualquer fonte consumidas pelo bebê.
Sobre a relação entre o consumo
de leite de vaca e câncer, eu encontrei uma única pesquisa. Nela, o consumo de
leite semidesnatado aumentou a incidência de tumores de mama induzidos em
ratos. Os autores correlacionaram esse efeito com a quantidade de estradiol (o
hormônio sexual feminino que as vacas naturalmente secretam para o leite)
presente no leite (Qin e cols., 2004).
Por último, alguns estudos buscam
correlação entre o consumo de leite de vaca e doenças autoimunes nas pessoas.
Um trabalho especula que a presença de insulina bovina no leite pode estimular
a produção de anticorpos que se liguem a insulina das pessoas, gerando um
quadro de resposta autoimune e diabetes do tipo I (Vaarala, 2002). Outro diz que a presença de
albumina (uma proteína do leite, assim como a β-caseína) no leite de vaca
também pode estar relacionada com o aparecimento de doenças autoimunes como
esclerose múltipla e encefalite (Winer e cols., 2001). Porém, não foi encontrada
relação entre a presença de anticorpos contra a albumina e o diagnóstico de
doenças autoimunes. (Füchtenbusch e cols., 1997). É claro, não podia faltar
uma pesquisa cara-de-pau: em um estudo, quatro crianças entre 50 pacientes com
uma doença renal específica apresentam anticorpos contra albumina bovina e
níveis elevados de albumina bovina no sangue (Debiec e cols., 2011)... Ô filho! Você quer me
convencer de uma doença olhando um sintoma que acontece em quatro doentes de 50
estudados. É pegadinha do Malandro?
Bem, mas depois, o texto do
Facebook entra na pior parte e discorre um monte de mentiras sobre o leite, que
seria até engraçado. Mas não é, porque parte das pessoas realmente acreditam no
que está escrito. Começa assim: “Surpreendentemente não só o corpo humano é
incapaz de absorver o cálcio do leite de vaca...” É mentira! Pouco mais de 30 %
de todo o cálcio presente no leite de vaca é absorvido pelo corpo humano, um
valor similar a outras fontes alimentares ricas em cálcio (Keller e cols., 2002). E mais: se você fugiu para o
leite de soja suplementado com cálcio, é melhor voltar; a absorção do cálcio do
leite de soja é pelo menos duas vezes menor que a do leite de vaca (Heaney e cols., 2000). E termina assim: “...mas
também já ficou provado que o leite pode aumentar a perda de cálcio nos ossos.”
Eu não sei de onde saiu essa informação absurda, mas eu acho que a explicação
vem no parágrafo seguinte que reproduzo na íntegra:
“Como todas as proteínas animais,
o leite aumenta a acidez do pH do corpo humano que por sua vez desencadeia uma
correção biológica natural. O cálcio é um excelente neutralizador de acidez e o
maior armazém de cálcio do corpo é exatamente o esqueleto. Assim, o mesmo
cálcio que os nossos ossos necessitam para se manterem fortes e saudáveis vai
ser usado para neutralizar a acidez provocada pela ingestão de leite. Uma vez
destacado dos ossos para equilibrar o pH, o cálcio é expelido pela urina
causando um efeito surpreendentemente contrário ao que é defendido pelas
indústrias leiteiras.”
Vamos devagar. As proteínas
aumentam a acidez do corpo? NÃO! Nada do que você come normalmente vai aumentar
a acidez do seu sangue. O corpo regula firmemente o pH do sangue e fluidos
extracelulares e nossa dieta não é capaz de alterar o pH do corpo (Bonjour, 2013). Imaginar que o consumo de
proteínas pode aumentar a acidez do corpo é fisiologicamente absurdo. Uma
pequena explicação cabe aqui. O corpo mantem o pH do sangue equilibrado
utilizando o íon bicarbonato (e não o íon cálcio, que não tem nenhuma
propriedade de neutralizar acidez como está escrito no parágrafo do texto do
Facebook...). Quando o sangue tende a ficar mais ácido, o bicarbonato se
transforma em ácido carbônico, neutralizando a acidez, e daí rapidamente se
dissocia em gás carbônico e água. A respiração acelera e o gás carbônico do
sangue é eliminado pelos pulmões, e o pH do sangue fica estável. Se as
proteínas aumentam a acidez do corpo, por que não vejo as pessoas saindo
ofegantes das churrascarias? (OK, as que exageram muito até saem, mas não por
causa da acidez do sangue...)
Além disso, mesmo que a nossa
dieta fosse capaz de mudar o pH do sangue, por que as proteínas deixariam o
sangue mais ácido? O caráter ácido ou básico de uma proteína depende dos
aminoácidos que a formam, e isso depende da sequência de cada gene no genoma.
Ou seja, um bife (ou um copo de leite) vai ter uma mistura de todo tipo de
proteína, e não só proteínas ácidas. Mais ainda, a degradação dos aminoácidos
das proteínas pelo metabolismo de corpo gera como resíduo a amônia que, em
teoria, teria a capacidade de deixar o sangue mais básico, e não mais ácido.
Por último, por que especificamente as proteínas animais aumentam a acidez do
corpo? Quimicamente, as proteínas animais e vegetais são idênticas. Logo, não
existe razão para apenas as animais acidificarem o sangue. Será que detectei
uma propaganda vegetariana?
OK. Vamos usar mais dados
científicos para rebater a história do consumo de proteínas e a perda de
cálcio. Primeiro, dados da literatura mostram que o consumo de proteínas tem
efeito positivo sobre o metabolismo do cálcio e a saúde dos ossos (Bonjour, 2005). E pelo menos duas revisões
da literatura clínica mostram que não há qualquer relação entre o consumo de
proteínas e a perda de cálcio nos ossos ou osteoporose (Fenton e cols., 2009; Fenton e cols., 2011).
Depois, o texto cita uma
correlação entre o consumo de laticínios e a incidências de fraturas ósseas na
população. Eu não encontrei nenhum trabalho publicado que mostrasse isso, mas
encontrei a figura abaixo em um blog da Internet.
Na figura da esquerda, sem dúvida, há uma clara correlação com tendência linear entre o consumo anual de chocolate e a quantidade de Prêmios Nobel recebido pelo país em questão. Já na figura da direita, sem dúvida, há uma clara correlação quadrática entre o uso de Facebook pela população e o número de Nobel recebido. Dessa forma, acho razoável que o Ministério da Saúde recomende a diminuição extrema do consumo de cálcio pela população brasileira. Além disso, acho que o Ministério da Educação deveria suspender o Programa Ciência Sem Fronteiras e investir todo o dinheiro em chocolate! E claro, recomendar que os alunos usem o Facebook ainda mais, visto que, sem dúvida, esses dois fatores aumentam a capacidade e inteligência da população. Ironia Mode ON...
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Fonte: precisionnutrition.com |
Sem dúvida, há uma clara
correlação linear entre o consumo diário de cálcio e o número de fraturas na
população. Mas eu também encontrei as figuras abaixo em páginas na Internet, de
modo que eu acredito que elas tenham o mesmo grau de confiabilidade que a
anterior.
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Fonte: media.aau.dk |
Na figura da esquerda, sem dúvida, há uma clara correlação com tendência linear entre o consumo anual de chocolate e a quantidade de Prêmios Nobel recebido pelo país em questão. Já na figura da direita, sem dúvida, há uma clara correlação quadrática entre o uso de Facebook pela população e o número de Nobel recebido. Dessa forma, acho razoável que o Ministério da Saúde recomende a diminuição extrema do consumo de cálcio pela população brasileira. Além disso, acho que o Ministério da Educação deveria suspender o Programa Ciência Sem Fronteiras e investir todo o dinheiro em chocolate! E claro, recomendar que os alunos usem o Facebook ainda mais, visto que, sem dúvida, esses dois fatores aumentam a capacidade e inteligência da população. Ironia Mode ON...
Como conclusão: o leite é uma fonte de proteínas, gorduras e cálcio realmente milenar e deve ter tido papel importante na evolução humana, especialmente na Europa. Mas é essencial: não. Pessoas com intolerância à lactose vivem muito bem sem leite, usando outras fontes alimentares. Eu realmente me surpreendi em ver que realmente os pesquisadores estão investigando possíveis efeitos danosos do leite, especialmente em relação à obesidade infantil e doenças imunes. E pesquisas futuras podem comprovar a relação entre o leite e essas doenças em alguns casos. Algumas pessoas não tomam leite devido ao impacto causado pela indústria de laticínios, seja em relação ao modo de criação dos animais ou aos danos ambientais causados pelo gado e pelo desmatamento para a plantação de pastagens. Acho isso mais que legítimo! Mas não beber leite porque ele vai deixar o seu corpo ácido e corroer os seus ossos, é demais. Acreditar em qualquer coisa escrita na Internet é muito mais prejudicial à saúde do que o leite. Sem sombra de dúvida.
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Incrível!
ResponderExcluirQuando se pensa que a intelectualidade imparcial está perdida, encontro sei-lá-como este blog!
Parabéns sobre sua dissertação imparcial mostrando o argumento científico e apresentando fontes e mais fontes.
Algumas pessoas provavelmente confundirão imparcialidade + resolução [conclusão] científica com polaridade e 'tendesiosismo', acusando-o de apelar para um lado da conversa quando, na verdade, só foi exposta a verdade datada e documentada sobre algum assunto polêmico.
Continuarei acompanhando seu trabalho, muito interessante.
Abraços!
Só uma correção: outros mamíferos adultos, como o gato, se alimentam de leite. Grato.
ResponderExcluirAlém dos humanos, gatos domesticados se alimentam de leite de vaca depois de adulto e não são intoxicados por isso. Vale a experiência, dê um pires de leite a um gato durante 6 meses e depois leve ao veterinário para fazer um check up completo.
ResponderExcluirParabéns David Majerowicz...E ao Maurício R. Quirino do Charges Também...
ResponderExcluirPor algum motivo, eu não estou conseguindo responder aos comentários. Então vou escrever um novo, mas é uma resposta ao Clovis e ao Alessandro.
ResponderExcluirOs gatos adultos só bebem leite porque nós damos para eles; ele não criam as vacas. Eu fiz uma pesquisa rápida sobre a persistência da lactase em mamíferos não humanos, mas não encontrei muita coisa. De modo geral, se aceita que o fenômeno é exclusivo do homem. No único trabalho que eu achei, os pesquisadores mostraram que os leitões perdem 2/3 da capacidade de absorver a lactose depois do desmame (Murray e cols., 1991). Um estudo recente com gatos e cachorros mostrou que eles tem alguma lactase no intestino, mas os cachorros têm duas vezes mais (Batchelor e cols., 2011). Segundo os autores, ambos poderiam beber leite (os cachorros mais que os gatos!), mas eles citam um livro (Kirk e cols., 2000) que diz que gatos adultos podem ter diarreia se beberam muito leite. Mas não tenho acesso ao livro, então não posso confirmar a informação.
Referências:
Batchelor DJ, Al-Rammahi M, Moran AW, Brand JG, Li X, Haskins M, German AJ, Shirazi-Beechey SP. Sodium/glucose cotransporter-1, sweet receptor, and disaccharidase expression in the intestine of the domestic dog and cat: two species of different dietary habit. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol. 2011 Jan;300(1):R67-75.
Kirk C, Debraekeleer J, Armstrong PJ. Normal cats. In: Small Animal Clinical Nutrition, edited by Hand MS, Thatcher CD, Remillard RL, Roudebush P. Topeka, Kansas: Walsworth, 2000, p. 291–303.
Murray RD, Ailabouni AH, Powers PA, McClung HJ, Li BU, Heitlinger LA, Sloan HR. Absorption of lactose from colon of newborn piglet. Am J Physiol. 1991 Jul;261(1 Pt 1):G1-8.
Muito interessante!
ExcluirSobre a questão do leite de vaca, tenho um exemplo em minha casa: Tenho 5 gatos. A primeira que tivemos, a mais velha, numa época de ignorância nossa, tomava leite de vaca desde filhote. Nunca teve nenhum sintoma. Os outros, por outro lado, não foram alimentados com o leite, e a única vez que tomaram depois de adultos, tiveram diarreia!
Certa vez tirei uma dúvida que eu tinha em relação a essa questão com a veterinária deles. Eu queria saber se podia continuar dando leite para a gata mais velha pois eu tinha desmamado mas ela sentia falta. Ela disse que se a gata foi acostumada desde nova e não tinha sintomas, podia desde que fosse em pequenas quantidades. Atualmente, nenhum deles tomam nenhum leite.
Lembrando que mesmo quando filhotes, os veterinários não recomendam dar leite de vaca para gatos.
David,
ResponderExcluirParabéns pelo blog e por esse texto! Infelizmente, as pessoas acreditam em comentários desse tipo, sempre. Num curso de formação continuada para professores de Biologia, uma cursista afirmava que citrato é um excelente antioxidante e não aceitava a explicação "química" de que não é antioxidante. Por que? Porque leu numa página de uma loja de produtos naturais!
Abraços,
Bianconi