A Doença de Alzheimer é a forma de demência mais comum, e está relacionada ao envelhecimento (60 % das pessoas com mais de 90 anos apresentam algum grau da doença). Os pacientes começam apresentando perda de memória recente (não conseguem se lembrar de coisas que aconteceram pela manhã ou no dia anterior), mas a doença pode evoluir para confusão mental, perda de memórias antigas e alterações de humor, entre outras coisas. A estimativa é que mais de 26 milhões de pessoas sofram com Alzheimer no mundo. E com o progressivo envelhecimento da população, é de se esperar que esse número aumente ainda mais.
A causa da doença ainda é envolta em dúvidas e grupos de cientistas de todo o mundo pesquisam para buscar respostas e novos tratamentos, e quem sabe, a cura. Sabe-se hoje que uma proteína (chamada beta-amiloide) produzida pelos neurônios acaba se acumulando o cérebro e que isso pode acabar causando a morte dos neurônios e os progressivos problemas mentais. Porém, os modelos experimentais disponíveis (já que não é muito ético retirar o cérebro de pacientes ainda vivos) não são ideais. Por exemplo, o modelo mais usado é um camundongo mutante que apresenta um tipo de Alzheimer familiar (ou seja, herdado geneticamente dos pais). Esses camundongos apresentam acúmulo da proteína beta-amiloide e perda de memória, mas não desenvolvem outros quadros que acontecem em humanos.
Tentando resolver esse problema, cientistas dos Estados Unidos, Coréia do Sul e Alemanha publicaram um trabalho na revista Nature no ano passado, mostrando os seus resultados com neurônios em cultura como modelo para a Doença de Alzheimer. Os pesquisadores modificaram geneticamente neurônios humanos, de modo que eles produzissem um grande acúmulo da proteína beta-amiloide do lado de fora da célula. Esses neurônios foram então crescidos em uma cultura 3D, muito mais parecida com um cérebro e diferente das tradicionais placas onde as células se espalham como em um tapete. Além de acumular proteínas fora das células, a cultura também apresentou diversas modificações características de neurônios doentes.
Não dá para fazer testes de memória em células em cultura, então ainda vamos precisar dos camundongos para testes funcionais de drogas que visem tratar ou curar o Alzheimer. Mas esse novo modelo pode ajudar a chegar a respostas que hoje não são possíveis obter e nos aproximar de novas formas de enfrentar a doença.
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