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[Blogue da Paula] O que acontece com o cérebro apaixonado?


Ah, a paixão... se você for olhar a descrição correta dessa palavra no dicionário, irá encontrar a seguinte definição: designação de um sentimento muito forte de atração por uma pessoa, objeto ou tema. A paixão é intensa, envolvente, um entusiasmo ou um desejo forte por qualquer coisa. Milhares de palavras foram usadas ao longo dos anos para descrever os mistérios que envolvem esse sentimento tão forte. Além dos poetas que tanto falaram e até hoje falam sobre isso, até um matemático já reagiu a esse sentimento: segundo Blaise Pascal, o coração tem razões que a própria razão desconhece.

Diversas mentes da humanidade se declararam impotentes frente aos mistérios desse sentimento tão intenso que geralmente pega muitas pessoas de surpresa, podendo ocorrer quando você passa a ter contato com alguém, fazendo com que algo desperte seu interesse, surgindo de maneira dominadora, podendo ser correspondido ou não, sendo o primeiro passo para que um relacionamento aconteça.

Geralmente, quando falamos em paixão, nós nos referimos esse sentimento ao coração, mas na verdade a paixão ocorre no cérebro. Esse sentimento à primeira vista ocorre de forma muito rápida, realmente está ligado à troca de olhares, curiosidades, suposições, e o encontro pode ser a chave necessária para que você tenha certeza do que está sentindo. A visão é um dos grandes impulsos para que a estimulação sexual aconteça, e a troca de olhares para que você comece a desenvolver outros sintomas de interesse.
Após o despertar da atração pelo outro dentro de você, o mundo consegue se tornar mais colorido e mágico. A partir desse momento, começa a surgir a sensação que deixa qualquer um em dúvida ou dependendo da situação, preocupado. Os sinais característicos são: brilhos nos olhos, suor, frio na barriga, perda de fome e sono. Certamente, essas são as melhores coisas que você provavelmente vai sentir na sua vida, porque se apaixonar é muito bom, sendo capaz de trazer uma euforia que geralmente você não sinta sempre. O que vem depois é outra história...Geralmente no ápice desse sentimento intenso, o coração acelera, a barriga embrulha – aquele famoso sintoma: borboletas no estômago, você entra em uma montanha-russa de emoções, hora se sentindo extremamente feliz, logo após ansioso e até mesmo preocupado.

Como se explica isso cientificamente? O que de fato acontece com o nosso cérebro quando estamos apaixonados?

Podemos explicar isso através de um processo químico: toda essa sensação ocorre devido ao fato de que a atração física faz com que o cérebro dispare hormônios estimulantes desde o primeiro momento até os primeiros toques. Dentre eles, ocorre a liberação de testosterona, que é responsável pelo desejo; a dopamina que é capaz de trazer a sensação de bem-estar e prazer; a adrenalina que eleva a frequência cardíaca fazendo com que o coração fique disparado; e a noradrenalina dando mais energia para o corpo fazendo com que a fome e o sono passe bem depressa. No meio de toda essa liberação hormonal, a serotonina acaba sendo reduzida, deixando as pessoas com pensamento fixo e obsessivo, sendo esses sinais clássicos de quem está apaixonado. Algumas pessoas reagem nessa situação de forma mais radicais e outras menos. Por isso que quando se avalia a paixão de forma científica, é verificado um quadro de maior ativação no nosso cérebro. Um estado em que você se encontra super-motivado devido à liberação de hormônios que resultam em sensações prazerosas.
Quando uma pessoa está apaixonada e encontra o seu amado, o cérebro reage produzindo respostas emocionais nas partes envolvidas com a motivação e recompensa; o mesmo sistema no cérebro que é ativado quando a pessoa é viciada em droga. Em outras palavras, você começa a desejar a pessoa por quem está apaixonado como desejaria uma droga. Que curioso isso, não é mesmo? Mas isso ocorre basicamente por conta das liberações hormonais de ambas as situações.

Todos nós sabemos que é possível entender essa magia quando se está apaixonado.

E você, qual foi a última vez em que se apaixonou?

Referências bibliográficas:

MARCOS, R., ANDRADE, T. Paixões humanas na perspectiva cartesiana e pascalina. Pensamento Extemporâneo. 12 de Novembro de 2011.

Comentários

  1. Ameeeei o texto. Sei exatamente o que é isso pois estou passando por esse estado de motivação.

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  2. Esse é fora de sério, completo e acessível, conseguimos entender direitinho e o melhor, nos identificamos quando estamos apaixonada. E ñ fazia a menor idéia de que as sensações são parecidas com efeitos de drogas, mas o pior é que faz sentido mesmo

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