Minha aposta para esse ano é o pesquisador, médico e microbiólogo norte americano Jeffrey Ivan Gordon que é um estudioso sobre o microbioma humano e com uma grande contribuição sobre a saúde intestinal e doenças que nos atingem. Durante muito tempo acreditava-se que o único papel do intestino era fazer parte da digestão de alimentos e absorção de alguns nutrientes, porém isso mudou: é cada vez maior o número de estudos científicos com evidências confiáveis que mostram a importância desse órgão na prevenção de diversas doenças, desde obesidade até problemas no sistema endócrino. O microbioma é um conjunto de micro-organismos de determinado ambiente (nesse caso falamos do intestino humano) que vivem em harmonia quando não ocorre nenhum desiquilíbrio, e desempenha um papel fundamental na homeostase do organismo. Essas bactérias estão em conjunto no intestino e em mutualismo, mas podendo também ser maléficas às pessoas, constituindo uma relação patogênica. E chamamos de microbiotas o conjunto de microbiomas. Esses micro-organismos no intestino, nesse caso as bactérias, são fundamentais para que nosso intestino e nosso organismo funcionem bem. O intestino é um órgão muito importante para a imunologia, pois uma microbiota útil auxilia na absorção e digestão de nutrientes, e diminui proliferação de agentes patógenos através da competição. Alguns estudos mostram que a comunicação entre a microbiota intestinal e o sistema nervoso central, podem ser endócrinos, neurais e imunes, e isso pode refletir diretamente nas funções e comportamento do mesmo. Estudos comparativos que buscam esclarecer as diferenças fisiológicas entre animais livres de contato com micro-organismos e animais com microbiota normal mostram que a microbiota tem papel fundamental no desenvolvimento da resposta imune e na formação do repertório imunológico no trato gastrointestinal. A microbiota intestinal revela um papel com importância na regulação de vários mecanismos, sua composição está diretamente relacionada com fatores protetivos ou de riscos para o desenvolvimento de doenças. Dentre os vários problemas que isso pode causar há um desequilíbrio que vem chamando a atenção nos últimos anos, a disbiose intestinal, que está relacionada a inúmeras patologias, por exemplo: depressão, ansiedade, déficit de atenção e síndrome do intestino irritável. A modulação da microbiota intestinal pode regular muitos mecanismos envolvidos nessas alterações neuropsiquiátricas. A inclusão de microrganismos em alimentos, principalmente laticínios, e os benefícios observados para a saúde dessa prática são antigos na história da ciência humana. Atualmente, conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), os probióticos são definidos como “microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades suficientes, conferem um benefício à saúde do hospedeiro”. O processo de seleção de cepas deve incluir aspectos de segurança, funcionais e técnicos. Os probióticos devem tolerar preferencialmente os sucos ácidos e gástricos, devem tolerar a bile, devem apresentar adesão às superfícies epiteliais e mecanismos de persistência no trato gastrointestinal humano, devem estimular o sistema imunológico do hospedeiro, mas nada prejudicial. A ingestão de probióticos tem grande potencial ao analisar o papel dos probióticos nas vias humorais, imunes e neurais compartilhadas com o sistema nervoso para o tratamento de distúrbios neurológicos. Com isso, podemos ver que nosso cérebro está conectado com nosso sistema imunológico e neurológico, cuidando dele podemos até ajudar a prevenir doenças e cuidar da nossa saúde.
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Esse texto foi escrito por Maryah Bravo Gonçalves, aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biociências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como parte da avaliação da disciplina "Prêmios Nobel em Biociências", coordenada pelo professor David Majerowicz.
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