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[Chute do Nobel T3E1] Rob Knight e avanços na compreensão do microbioma humano


O microbioma humano é uma das áreas de estudo mais promissoras da fisiologia e da medicina das últimas décadas. A compreensão de que o corpo humano é formado por uma complexa comunidade de microrganismos, incluindo bactérias, arqueias, vírus e fungos e que aspectos dessa comunidade microbiana, como sua composição e interações, regulam diversos processos, tanto fisiológicos quanto patológicos, é de fato algo revolucionário.

Sendo assim, pesquisas acerca desta temática são fortes concorrentes à nomeação ao prêmio Nobel. Um dos principais indicativos para a minha escolha desta área foram: o precedente histórico, como a nomeação de Robin Warren e Barry Marshall em 2005 pela descoberta da Helicobacter pylori (Nobel Prize, 2023); os avanços tecnológicos e científicos que sucederam nos anos seguintes, expandindo a relevância do tema; e a lista de possíveis laureados liberada pela empresa Clarivate (Pendlebury 2023), uma empresa de análise de dados que investiga potenciais candidatos ao prêmio Nobel tendo como base artigos científicos da plataforma Web of Science altamente citados desde a década de 1970.

Um nome proeminente na área é Rob Knight, um microbiologista computacional neozelandês e professor da Universidade da Califórnia, em San Diego (American Society for Microbiology, 2017). Suas principais contribuições se deram através de estudos de diversidade microbiana em larga escala, utilizando técnicas de sequenciamento da nova geração e o desenvolvimento de ferramentas e estratégias para análise desses dados (Mandal e cols, 2015).

Entre outros recortes do tema destacam-se a relação do microbioma e saúde mental - como a microbiota intestinal está relacionada com o cérebro e pode alterar efeitos comportamentais como a ansiedade; microbioma e obesidade - como a microbiota pode induzir alterações no perfil de alimentação de camundongos a ponto de torná-los obesos; microbioma e seu potencial terapêutico - como a utilização de probióticos e o transplante de microbiota.
Referências





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Esse texto foi escrito por Luiz Gabriel Xavier Botelho, aluno de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biociências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como parte da avaliação da disciplina "Prêmios Nobel em Biociências", coordenada pelo professor David Majerowicz

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