[Chute do Nobel T3E3] John Craig Venter: O próximo ganhador do prêmio Nobel pelos avanços na área de biologia e genômica sintética
J. Craig Venter é um bioquímico norte-americano formado pela Universidade da Califórnia em San Diego, e se tornou PhD em fisiologia e farmacologia na mesma instituição. Além de pesquisador, atua como empresário, sendo fundador do instituto de pesquisa J.Craig Venter Institute, focado na pesquisa da genômica sintética e também seus aspectos éticos. Também fundou o Institute for Genomic Research e em 1998, o Celera Genomics, equipe responsável pela corrida do sequenciamento do genoma humano. Portanto, Venter é reconhecido pela sua forte atuação e impacto na área da genômica.
O pesquisador, em 1992, decodificou o genoma de uma bactéria de vida livre, utilizando a recém criada técnica de shotgun do genoma inteiro. Em 1998, iniciou o projeto para sequenciar o genoma humano a partir das técnicas que estavam sendo desenvolvidas na época, e em 2001, publicou os dados obtidos do sequenciamento do genoma humano, o que também foi feito para outros mamíferos e insetos.
No ano de 2010, Venter e seu grupo de pesquisadores foram capazes de criar um organismo a partir de um genoma sintetizado em laboratório, uma bactéria denominada Mycoplasma mycoides JCVI-syn1.0. A nova bactéria foi criada a partir de projeções de sequência de pares de bases feita por computador, e sintetizadas em pequenas sequências de DNA da bactéria. Tais fragmentos de DNA foram inseridos em uma levedura, da qual foi previamente retirado seu material genético. A partir disso, os fragmentos de DNA se ligaram no interior da levedura, e em seguida, o DNA formado foi retirado e inserido em uma célula recipiente de M. capricolum (que teve seu material genético original retirado previamente), que foi capaz de sintetizar as proteínas codificadas pelo gene artificialmente sintetizado pelos cientistas e, principalmente, se auto-replicar continuamente. Para alcançar o êxito, foram investidos 40 milhões de dólares e quase 15 anos de pesquisa.
Essa nova tecnologia abriu portas para um novo campo, a biologia sintética, e mais recentemente, a genômica sintética, caracterizada pelo design e síntese do genoma para a formação de vírus ou células. A biologia sintética pode ser usada para diversos fins, como por exemplo a criação de bactérias capazes de produzir combustível a partir de seu processo metabólico e a construção de vírus que poderão ser utilizados para a vacinação. Uma importante demonstração da capacidade dessa inovação, se deu no primeiro transplante de coração de porco para um paciente. Para tornar isso possível, o genoma do animal foi alterado, inserindo genes humanos e silenciando alguns genes do porco, para ser possível realizar o xenotransplante, dando mais 2 meses de vida para o paciente (o dobro do que era alcançado em outros procedimentos). Dessa forma, esse avanço científico foi capaz de abrir um leque de novas possibilidades de uso dessa tecnologia, que serão ainda desenvolvidos e sintetizados para o melhoramento na qualidade de vida da sociedade.
Desse modo, a biologia sintética, originada dos esforços do grupo de Venter, promete revolucionar a biotecnologia moderna. Por meio dessa tecnologia, matérias primas poderão ser sintetizadas em grandes quantidades e de forma sustentável, avanços na área médica e da pesquisa científica, e com grande potencial no melhoramento da qualidade de vida da sociedade, visando enfrentar os desafios mundiais das próximas décadas.
Referências
Esse texto foi escrito por Victor Aguiar Franco, aluno de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biociências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como parte da avaliação da disciplina "Prêmios Nobel em Biociências", coordenada pelo professor David Majerowicz.
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